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Novas Tecnologias no Ensino de Matemática: Desafios e Possibilidades para o Futuro

Novas Tecnologias no Ensino da Matemática

Neste artigo, vamos refletir sobre quais práticas e recursos podem, de fato, transformar a experiência de aprender Matemática a partir do uso de tecnologias.

Do Medo à Solução: A Mudança de Paradigma na Tecnologia Educacional

Falar sobre tecnologias no ensino de Matemática é, sem dúvidas, abrir espaço para uma discussão que vem atravessando gerações. Durante muito tempo, não foi raro ouvir discursos de resistência à entrada dos computadores nas salas de aula. Havia quem defendesse que o aluno deixaria de pensar, que se tornaria apenas um apertador de botões, guiado pelas respostas prontas da máquina.

Esse pensamento, associado ao processo do ensino de Matemática, tradicionalmente associada ao desenvolvimento do raciocínio lógico, sustentava a ideia de que, se o computador faz as contas, o aluno não precisa mais pensar. Mas, de alguns anos para cá, esse discurso mudou. O que antes era visto como ameaça virou, quase sem questionamento, solução. A tecnologia passou a ser apresentada como resposta para praticamente todos os desafios da Educação. E aí surge uma pergunta que não pode ser ignorada: qual é exatamente o problema para o qual a tecnologia seria a solução?

Esse movimento também reflete um avanço importante das políticas públicas no Brasil, que buscam garantir infraestrutura, conectividade e acesso às ferramentas digitais nas escolas. Iniciativas como a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas e a Política Nacional de Educação Digital (Brasil, 2025) são fundamentais para promover a inclusão digital e fortalecer o uso pedagógico das tecnologias.

O Verdadeiro Desafio: Ressignificar a Prática Pedagógica

No entanto, é importante entender que inserir tecnologia no ensino não significa apenas substituir a lousa por uma tela ou os livros físicos por plataformas digitais. O verdadeiro desafio está em ressignificar as práticas pedagógicas, criando experiências de aprendizagem que estimulem a investigação, a resolução de problemas, a criatividade e o desenvolvimento de uma postura crítica e colaborativa.

Leia mais: Inovação no Ensino de Matemática: Projetos Integradores em Identidade Saraiva

No contexto do ensino de Matemática, isso se torna ainda mais relevante. A utilização de recursos digitais deve ir além da simples reprodução de exercícios ou da automação de cálculos. Ela deve favorecer a construção do conhecimento, permitindo que os alunos explorem conceitos, visualizem fenômenos matemáticos, testem hipóteses e encontrem soluções de forma mais dinâmica e interativa.

Ferramentas Digitais que Transformam a Aprendizagem

Felizmente, hoje contamos com diversas ferramentas digitais que vão muito além do uso passivo da tecnologia. Elas oferecem possibilidades concretas para tornar a aprendizagem mais investigativa, interativa e alinhada às demandas do mundo contemporâneo. A seguir, destacamos algumas dessas possibilidades que têm se mostrado especialmente relevantes para o ensino de matemática.

Ambientes de Geometria Dinâmica

Ferramentas como o GeoGebra, o Cabri e outros softwares de geometria dinâmica possibilitam que os alunos construam, manipulem e explorem representações geométricas de forma interativa. Esses ambientes favorecem uma aprendizagem investigativa, em que o estudante não é apenas um observador, mas um agente ativo na construção do conhecimento.

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Por meio da experimentação, é possível, por exemplo, visualizar como se comportam ângulos, perímetros, áreas e transformações geométricas em tempo real. Isso torna conceitos abstratos, como simetria, semelhança, teorema de Pitágoras ou até funções muito mais acessíveis e concretos, promovendo uma compreensão mais profunda e significativa.

Jogos Educacionais e Gamificação

O uso de jogos digitais e estratégias de gamificação tem se mostrado uma ferramenta poderosa para tornar as aulas de Matemática com mais engajamento. Ao incorporar desafios, missões, recompensas e rankings, os alunos se sentem mais motivados a participar e resolver problemas. Jogos que envolvem raciocínio lógico, cálculo mental, frações e geometria ajudam a transformar o erro em parte do processo de aprendizagem, permitindo que o aluno tente, erre, repense e tente novamente, sem o medo associado às avaliações tradicionais.

Análise de Dados

O trabalho com análise de dados nas aulas de Matemática aproxima os alunos da realidade. Através de ferramentas como planilhas eletrônicas (Google Sheets, Excel) e softwares específicos, é possível coletar, organizar e interpretar dados, seja de pesquisas feitas pelos próprios alunos ou de bancos de dados públicos.

Leia mais: Matemática no Ensino Médio: formação continuada e estratégias pedagógicas

Esse processo permite trabalhar de forma concreta conceitos como média, moda, mediana, variância, desvio padrão — assuntos muito exigidos no Enem —, além da construção de gráficos e tabelas. Assim, os estudantes desenvolvem o pensamento estatístico e aprendem a tomar decisões baseadas em evidências, uma competência essencial no mundo atual, que vive rodeado de informações e dados.

Inteligência Artificial aplicada à educação

O uso da inteligência artificial (IA) no ensino tem crescido significativamente, oferecendo recursos que apoiam tanto alunos quanto professores. Plataformas adaptativas são capazes de ajustar o nível de dificuldade das atividades de acordo com o desempenho do aluno, oferecendo uma trilha personalizada de aprendizagem. A IA também pode gerar automaticamente listas de exercícios, propor desafios específicos, identificar lacunas no conhecimento dos estudantes e sugerir intervenções pedagógicas. Além disso, algumas ferramentas de IA atuam como assistentes virtuais, respondendo dúvidas, explicando conceitos e até simulando situações matemáticas. No contexto da sala de aula, isso permite que o professor tenha mais tempo para intervir de forma qualitativa, direcionando seu trabalho para mediações mais significativas.

Superando a Zona de Risco: Desafios e Formação para Professores

É natural que esse processo envolva desafios. Professores se deparam com o que alguns pesquisadores chamam de zona de risco (BORBA et al., 2018), que é aquele espaço de incerteza e desconforto ao lidar com novas ferramentas e metodologias. Superar essa etapa exige formação continuada, apoio institucional e, principalmente, um ambiente escolar que favoreça a experimentação e a inovação.

Conclusão: Preparando os Alunos para o Futuro

Mais do que nunca, é fundamental que a escola acompanhe as transformações do mundo. Vivemos um cenário de rápidas mudanças, onde surgem profissões que há pouco tempo não existiam, muitas delas diretamente ligadas à tecnologia, à análise de dados, à inteligência artificial e à automação. Preparar os alunos para esse futuro significa desenvolver não só competências técnicas, mas também habilidades cognitivas, socioemocionais e digitais.

Por isso, integrar as tecnologias no ensino da Matemática não é apenas uma questão de modernizar a sala de aula, mas de oferecer aos estudantes uma formação alinhada às demandas do século XXI. Uma formação que os prepare para serem protagonistas em um mundo cada vez mais digital, dinâmico e interconectado. Se bem conduzida, essa integração tem o potencial de transformar não apenas as práticas pedagógicas, mas também os próprios sentidos da aprendizagem, preparando cidadãos capazes de criar, inovar, resolver problemas complexos e contribuir ativamente para a construção de um futuro mais sustentável, inclusivo e tecnológico.

Referências

BORBA, M. C. et al. A pesquisa em Informática Aplicada à Educação Matemática: o caso do GPIMEM. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA (EBRAPEM), 22., 2018. Anais… Rio Claro: UNESP, 2018. Disponível em: https://igce.rc.unesp.br/Home/Pesquisa58/gpimem-pesqeminformaticaoutrasmidiaseeducacaomatematica/borba-gpimem10anos-ebrapem.pdf.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Escolas Conectadas. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/escolas-conectadas

Minibio do autor

Gabriel Domingues

Licenciado em Matemática pela Universidade Federal Fluminense, Gabriel é um educador experiente com atuação nos Ensinos Fundamental e Médio. Atualmente, também coordena a disciplina de Matemática em um cursinho pré-vestibular popular. Sua paixão é inovar, usando novas tecnologias para criar materiais didáticos digitais que simplificam o aprendizado e tornam a Matemática mais atraente para os alunos. Ele une a prática em sala de aula com a criação de recursos para aproximar os conceitos matemáticos do dia a dia.

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